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paixão por galeano…

Tanto eu, quanto minhas crianças de 03 a 04 anos estamos vivendo uma paixão pelo Galeano. Elas, no caso, chamam-no intimamente de Eduardo. “Elly, tá na hora do Eduardo?” Hoje enquanto escolhia um texto para as crianças, encontrei este que posto e como tantos outros do livro não serve para ler com as crianças, mas que parecia ter sido escrito para mim e para o meu agora:

triplas1.jpg O amor é uma das doenças mais bravas e contagiosas. Qualquer um reconhece os doentes dessa doença. Fundas olheiras delatam que jamais dormimos, despertos noite após noite pelos abraços, ou pela ausência de abraços, e padecemos febres devastadoras e sentimos uma irresistível necessidade de dizer estupidezes.

O amor pode ser provocado deixando cair um punhadinho de pó-de-me-ame, como por descuido, no café ou na sopa ou na bebida. Pode ser provocado, mas não pode impedir. Não o impede nem a água benta, nem o pó de hóstia; tampouco o dente de alho, que nesse caso não serve para nada. O amor é surdo frente ao Verbo divino e ao esconjuro das bruxas. Não há decreto de governo que possa com ele, nem poção capaz de evitá-lo, embora as vivandeiras apregoem, nos mercados, infalíveis beberagens com garantia e tudo.